Está na hora de discutir a sociedade que a gente quer. Com o Brasil vivendo um momento complicado, a necessidade de buscar soluções para mudar este cenário só aumenta. Mundo afora, por exemplo, o modelo que está surgindo como protagonista do desenvolvimento socioeconômico, especialmente nos países emergentes, é a microfranquia. E, se há solução para o nosso País sair da crise, ela está nas mãos desse braço do empreendedorismo.
Em diversas regiões da África e da Ásia, as microfranquias são usadas como meios para impulsionar a economia local e gerar uma série de vantagens sociais às comunidades onde os negócios atuam. A partir do modelo, pessoas que dificilmente teriam a chance de se tornarem proprietárias de empresas aderiram ao empreendedorismo, gerando um avanço socioeconômico irreversível a elas mesmas e as suas regiões.
Por seu custo reduzido – negócios de até R$ 50 mil, segundo definição da ABF( Associação Brasileira de Franchising) –, as microfranquias estão ao alcance de uma comunidade que dificilmente tiraria o sonho de empreender do papel. São estudantes, donas de casa e desempregados criando o seu “autoemprego”, ou seja, indo à luta para resolver seus problemas e mudar a própria realidade.
Embora exista a vontade de fazer dar certo, a maioria destas pessoas que possuíam poucas habilidades empreendedoras até então. Para que elas consigam transformar um momento de economia instável e alto desemprego em oportunidade, a indústria deve se adaptar.
Por isso, o franqueado por trás do negócio deve saber trabalhar para desconstruir essas deficiências. Um processo que ainda está em desenvolvimento no Brasil. Ao contrário do que muitos pensam, o baixo investimento inicial não deve ser o único diferencial frente ao modelo já estabelecido de franquias.
O modelo “clássico” de franquias foi criado para quem quer ser empresário – e já possui algum tipo de orientação técnica para tocar um negócio. No caso das microfranquias brasileiras, o cenário é outro: são opções viáveis para quem não quer ser mais uma vítima da crise. Grande diferença que sempre me incomodou.
Se bem compreendidas, as desigualdades entre os dois tipos de negócios podem possibilitar aos franqueadores e franqueados uma evolução em conjunto. Gerando, a partir das pernas dos próprios brasileiros uma revolução interna no País. Mas isso exige trabalho – e uma mudança de perspectiva do empresariado.
Um modelo comercial sólido como este é sim capaz de promover o desenvolvimento econômico de maneira mais democrática, proporcionando oportunidades de empregos a todos, independentemente da sua habilidade empreendedora. Se bem diluído, esse novo conceito de microfranquia será capaz de compilar sozinho a replicação financeira, sustentabilidade e impacto social para pessoas com pouco capital e menores competências empresariais.
Para isso acontecer, é necessário, no entanto, que os franqueadores adotem diferentes abordagens, investindo na capacitação dos seus franqueados. Chegou a hora de treiná-los em diferentes áreas de negócios, como finanças, empreendedorismo, marketing, vendas e atendimento ao cliente.
Com essa relação melhor definida, todos ganham: o franqueado aumenta seu poder aquisitivo e o franqueador expande seus negócios com qualidade. Um modelo de negócio que dá elementos para a empresa ter sucesso e o cidadão uma renda melhor.